sexta-feira, 27 de julho de 2007

Mais uma sexta do Poetinha!!!


Hoje é dia de Vinícius por aqui. Resolvi colocar não uma, mas duas das minhas inúmeras prediletas do meu poetinha. Desejo a todos uma linda sexta-feira. Que mais tarde o sol possa abrir (já que amanheceu chovendo e o dia cinza me deixa deprimida) e o sol possa irradiá-los com seu brilho. Muitas joaninhas para vocês também... Beijo enorme!!!


Eu não existo sem você


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você



Monólogo de Orfeu


Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa
O meu peito em soluços!
Te enrustiste
Em minha vida; e cada hora que passa
É mais por que te amar, a hora derrama
O seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa?
Cada vez
Que o sofrimento vem, essa saudade
De estar perto, se longe, ou estar mais perto
Se perto, – que é que eu sei!
Essa agoniaDe viver fraco, o peito extravasado
O mel correndo; essa incapacidade
De me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso
Que é bem capaz de confundir o espírito
De um homem – nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia
Esse corpo!
E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, essa coragem
Esse orgulho de rei.
Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música!
Nunca fujas de mim!
Sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada, sou
Pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice...
Coisa incompreensível!
A existência
Sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos.
Tu És a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga Mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada!
Ah! Criatura!
Quem Poderia pensar que Orfeu: Orfeu cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor despetala as mulheres - que ele, Orfeu
Ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que estarei contigo!

Um comentário:

Anônimo disse...

"E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, essa coragem"
FORÇA, FORÇA, FORÇA, FORÇA!
CORAGEM,CORAGEM,CORAGEM!