sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Esse texto que resolvi postar é de autoria de uma pessoa especial que tem na verdade, não se revelado uma grande escritora, mas resolveu desenterrar os dons que Deus lhe deu e que guradava somente para si. Uma pessoa de uma grande sensibilidade e que apresento a vocês agora: Andréia Rocha, minha escritora preferida! E esse post em especial me tocou bastante.
Tenham todos um lindo final de semana!!!
O que os olhos não vêem... o coração ainda enxerga
Ela tinha os olhos imóveis, como duas portas escancaradas e com as dobradiças quebradas. A dor enferrujara as pálpebras. Estava em estado de alerta. Todos os dias, um desespero habitual fazia-lhe cerrar os olhos em busca do sono, pois dormir era a anestesia mais eficaz para sua alma.
Mas o rangido dos olhos, ao tentar fechá-los, afugentava todo e qualquer sono. Afugentava o sono da auto-enganação, do amenizar o que era impossível estreitar a dimensão. O que sentia era grande, pesado, intenso. Impossível de fugir.
Os olhos não viam, porém os pensamentos alcançavam. Traziam para junto de si cada detalhe... ressoavam a voz, as risadas, os sussurros. Pensar para ela era mais que relembrar, era viver pela milésima vez, bilionésima, enfim. E com um detalhe: nos pensamentos o fim não existia e, se porventura existisse, seria apenas pelo tocar inesperado do telefone, por exemplo, e não pela fatídica hora do dizer adeus.
O adeus fora dito há algum tempo . Os olhos ouviram, mas os pensamentos não. Hoje não se vê, mas ainda se sente. Contradição do bobo ditado popular. O que se guarda dentro não escapa pelo redemoinho de fora.
A.R

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